Ao cair da noite

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É incrível como a saudade dói.  Todo dia quando a noite cai, você vem junto para bagunçar tudo ao meu redor. É forte e ainda muito intenso. Me encolho no canto do quarto para ver se tudo isso passa, mas as tentativas são em vão. Mesmo depois de tanto tempo, eu sinto seu perfume nos lençóis da cama.Ainda sei por onde suas roupas ficavam espalhadas e meu corpo arrepia do mesmo modo quando você me abraçava nas nossas noites de amor.

Não sei lidar com tudo isso. Tenho medo, sinto saudade e meu corpo inteiro dói.  Vago pela casa, mas memórias de uma paixão antiga não somem tão fácil assim. Tudo lembra nós dois, tudo me lembra você. Sua garrafa de vodca ficou no armário da sala e nossos segredos no sofá. É como  se o tempo não tivesse passado desde daquele dia em que eu superei toda a minha timidez e disse que te amava.

Passei noites em claro tentando tirar isso de mim. Escrevia, escrevia e no final todo esse turbilhão me abraçava dizendo ” muito bem, agora tente de novo pequena”. Te encontro nos papéis espalhados na escrivaninha e relembro quando você escreveu For my little girl. Sim, sua pequena garota. Ainda sou pequena demais.

É dolorido como o que não bastava antes hoje virou excesso. Um excesso que me aquece quando deito na cama e aos poucos tira minhas forças. Minha coragem para lutar. E no silêncio que segue, lágrimas escorrem pela minha face enquanto outro cair da noite não vem.

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